"Vai chamar Tuwillysson", decretara a mãe, depois do tal sonho sem pé nem cabeça que tivera na véspera do parto. Quarenta anos mais tarde, lá estava ele, sem muitas histórias para contar. Ao voltar a pé do trabalho naquele fim de tarde abafado, alguns metros antes da casa onde morava, uma mulher o chamou:
— Tuwillysson!
Ouvir seu nome pronunciado sem qualquer hesitação era algo improvável. Além da família, e da namoradinha que o abandonara no segundo ano do colégio, ninguém mais acertava o dito cujo. E, agora, aquela voz feminina acabara de dizê-lo com uma naturalidade desconcertante. Teria ela voltado? Como o encontrara? Bastaria virar-se para descobrir. Ao invés disso, seguiu pela calçada fingindo não ser quem era. Os passos, bem atrás de si, traziam uma inesperada sensação de estar acompanhado. Logo ele, que não sabia mais o que era proximidade. Durante anos, colocara toda culpa de uma existência vazia na esquisitice do seu nome. Se ao menos não houvesse tanta beleza naquela voz de mulher ao dizer "Tuwillysson" teria sido mais fácil esconder-se da verdade: nada soava mais estranho do que seu ressentimento. Abriu o portão sem olhar para trás.
— Tuwillysson!
Ouvir seu nome pronunciado sem qualquer hesitação era algo improvável. Além da família, e da namoradinha que o abandonara no segundo ano do colégio, ninguém mais acertava o dito cujo. E, agora, aquela voz feminina acabara de dizê-lo com uma naturalidade desconcertante. Teria ela voltado? Como o encontrara? Bastaria virar-se para descobrir. Ao invés disso, seguiu pela calçada fingindo não ser quem era. Os passos, bem atrás de si, traziam uma inesperada sensação de estar acompanhado. Logo ele, que não sabia mais o que era proximidade. Durante anos, colocara toda culpa de uma existência vazia na esquisitice do seu nome. Se ao menos não houvesse tanta beleza naquela voz de mulher ao dizer "Tuwillysson" teria sido mais fácil esconder-se da verdade: nada soava mais estranho do que seu ressentimento. Abriu o portão sem olhar para trás.
(*) IMAGEM: Google
Ressentido com todos os LL e SS insensatos no seu destino.
ResponderExcluir"Nome é destino" ( Nelson Rodrigues)
bjs
Un nombre puede marcarnos
ResponderExcluirMuy Lindo relato
Un abrazo
Melhor assim, desta maneira ele não precisou refazer a teoria da vida vazia em função do nome. Afinal não se pode mudar uma vida toda por uma irritante felicidade que se apresente assim tão repentinamente, ou pode? Lindo conto, gostei demais. Sigo seu blog. Um abraço
ResponderExcluirAs ligações entre sonho (pesadelos) e realidade são uma tendência natural do ser humano.
ResponderExcluirMe parece um Conto com o desvendar destes medos de se encontrar uma realidade diferente do que "criamos" na mente.
Lindo.
Beijos
SOL
Por costume, aproximar-se da felicidade as vezes não soa algo natural...
ResponderExcluirAdoro teus escritos. Muito bom!
Vita,tem gente que passa a vida remoendo coisas do passado e perde chances preciosas na vida!Um belo conto!bjs e meu carinho,
ResponderExcluirSe o nome pode influenciar a maneira como o mundo nos considera, acredito que só nós decidimos a maneira como olhamos o mundo. Parece que o conto está suspenso no tempo... Gostei de ler.
ResponderExcluirHá pessoas supersticiosas e outras que simplesmente não pensam :s
ResponderExcluirDeviamos aproveitar todos o que a vida tem de melhor para dar e oferecer amor sem restrições...
Portugal
Faltou-lhe coragem [assim entendi..]
ResponderExcluirBeijos.
Olá, passei para retribuir sua visita, seu espaço é lindo, e o texto, curioso.O importante é olhar para a frente, não para o que se foi. Um abraço!
ResponderExcluirAutoexílio não é comigo.
ResponderExcluirÉ um conto para concurso e levar o prêmio! O tal homem do nome esquisito é um conformado, parou no tempo e quem não arrisca, não petisca!
ResponderExcluirBeijos moça dos contos.
Linda semana pra ti!