O jantar foi um martírio. No momento em que um renomado psicanalista se
acomodara frente a ela, Luísa mergulhou em aflição. Por que não um engenheiro? O psicanalista tentara iniciar a
conversa, perguntando se Pedro seria seu irmão. Luísa olhou para o marido
como quem observa um parente distante. Ele sorria desenvolto ao
lado de uma morena extrovertida. Ela sentiu inveja das mulheres enciumadas, e
das pessoas que simplesmente se divertiam ali, como se fosse muito importante
ser o que eram. Diante do estranho silêncio da mulher, o psicanalista
repetiu a pergunta. Luísa, que até aquele instante nunca expressara o vazio ao lado de Pedro, foi
surpreendida por seu ato falho. Ao invés de falar que eram casados, ouviu-se,
perplexa, responder:
– Somos maridos.