segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Férias



O tempo e os contos passam rápido... 
Em maio de 2012 nasceu o blog "Eu Curto Conto Curto". Agradeço aos amigos blogueiros e leitores que visitaram minha página. Desejo a todos muitas alegrias em 2013.

(*) Imagem: Google


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Um Estranho Caso: O Curto Virou Curta




"Um Estranho Caso" é um curta metragem inspirado livremente no meu conto: "A Estranha História da Nova Vizinha". O filme é falado em inglês. Para assistir basta clicar no link abaixo, e se quiser acesso às legendas em português, clique no ícone indicado. Para melhor qualidade, assista ao filme em 1080p. Esta opção está disponível ao lado do ícone da legenda. Roteirista e diretor do curta, Fernando Mattos tem 20 anos, carioca, mas desde 2006 mora nos Estados Unidos. Este é seu terceiro curta metragem. Não é um filme feito por profissionais do cinema, mas por pessoas que se uniram voluntariamente ao projeto. 



http://www.youtube.com/watch?v=SVXK-db-TEY

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Um Homem Sincero



Foram apresentados rapidamente numa festa. Uma semana depois, encontraram-se por acaso em três lugares diferentes. Ela resolveu puxar conversa:

– É a terceira vez que esbarramos um no outro e eu ainda não sei coisa alguma da tua vida.

– Não perdeu nada.





(*) IMAGEM: Google

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Uma Mulher Sincera



Na saída do cinema avistou um amigo que sorriu ao cumprimentá-la:

– Tudo bem?

Diante da pergunta corriqueira, a mulher repetiu mentalmente aquelas duas palavras com um misto de estranheza e ironia. A inesperada sinceridade deu o tom da resposta:

– Pergunta difícil pra uma neurótica assumida...

(*) Imagem: Google

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O Homem Impossível


João Ondulino casou-se duas vezes. Sua primeira mulher queria luxo e riqueza. A segunda, amor. Frustrou ambas. 


(*) Imagem: Google

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Uma Senhora Ironia


― Presta atenção, querida. Afonsinho sempre gostou dos filés mal passados. Não esqueça: à mesa ele é muito exigente. Fora dela, nem tanto. Afinal, casou conosco.

(*) Imagem: Google

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Duas Mulheres


A primeira mulher vivia alegre porque o marido adivinhava tudo que ela queria. A segunda, justamente, por ele nem desconfiar.

(*) Imagem: Google

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Jardim da Loucura





No quarto ano de Psicologia Clínica, uma vez por semana, nos deslocávamos do prédio da faculdade para cumprir estágio num hospital psiquiátrico. Enquanto aguardávamos o professor no jardim da instituição, um dos internos aproximou-se de uma aluna e perguntou onde estavam as balas. Ela respondeu que não tinha bala alguma. Contrariado, o paciente deu um tapa no rosto da moça. Na semana seguinte, ao passar por ele, a estudante adiantou-se:

― Trouxe as balas.

― Balas? 

Mais uma vez, ela levou um tapa no rosto. 

Esse episódio me levou a pensar nas situações (fora dos muros de uma instituição) em que de nada adianta "ter ou não ter as tais balas". O resultado será o mesmo.

(*) Imagem: Google

Estranhos na Noite



Caminhei pela rua deserta, em mais uma noite abafada. Ele me esperava na esquina. Não sentia medo, mas uma excitação marcava minha pele num longo arrepio. Pensar no perigo tornava a respiração curta.  A verdade é que fui invadida por uma alegria inesperada e fora de lugar: minha sensação de vazio havia sido diluída por um estranho. Até aquele exato instante — além do anúncio no jornal e o brevíssimo contato por telefone — não sabia quem era o homem que me aguardava ali.  Ele estava encostado no muro de uma casa abandonada. Quando me aproximei, esmagou a ponta do cigarro no chão. Logo em seguida, acendeu outro. A fumaça saía de sua boca em golfadas rápidas. E então ele disse:

— Você não serve. Não tem medo nos olhos. Não me interessa.

Seu sadismo era um tiro certeiro na única fantasia que ainda restava. Sentei-me na calçada sem vontade de chorar. E o mundo, outra vez, parecia oco.



(*) ESTE CONTO É RESULTADO DE UM EXERCÍCIO PROPOSTO EM OFICINA LITERÁRIA




(*) IMAGEM: Google

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A Mulher Insatisfeita


Escrevia cartas imaginárias, e ainda reclamava nunca ter recebido resposta.

(*) Imagem: Google

Crônica Curta



No quarto ano de Psicologia Clínica fazíamos estágio numa instituição psiquiátrica. Um dos internos, em surto, agarrou o meu braço e disse:

– Se me tirar daqui, caso com você.

Este foi meu primeiro contato com a ideia de que casamento era uma "loucura".

(*) IMAGEM: Google

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Conto Curto



Todo final de tarde o portão enferrujado rangia para lhe dar passagem. Banho rápido. Sopa no jantar.  Hora do noticiário. Ao lado da poltrona de tecido puído, uma pilha de cadernos. Páginas e mais páginas preenchidas pela mesmice de seus dias. Naquela noite, ao abrir o diário, um ligeiro tremor percorreu seus dedos. Deslizou a caneta sobre o papel, e escreveu apenas uma frase: "Hoje aconteceu algo diferente".

(*) Imagem: Google

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Notícias que Não Saem na Primeira Página


Perdeu família, casa e trabalho, mas mantinha os jornais por perto. À noite cobria-se com eles. Pela manhã lia como se ainda fosse o editor.


(*) Imagem: Google

terça-feira, 25 de setembro de 2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Só Abro a Boca Quando Não Tenho Certeza




Durante o voo que me levava a Portugal em minha primeira viagem ao exterior, quando o comissário passou com o carrinho que vendia artigos de free shop, enlouquecida de ansiedade, imaginei ter visto aquelas pequenas caixas onde se guardam terços. Minha família havia pedido alguns, então, disse ao moço que queria meia dúzia dos santinhos. O funcionário do avião olhou espantado para os objetos que eu apontara. E respondeu com charmoso sotaque português:

— O único santinho aqui sou eu.

O que pensei ter visto, na verdade, eram isqueiros.

(*) Imagem: Google

A Doce Vida




Para voltar a Roma, nada de moedas na Fontana di Trevi. Preferia outro caminho. Ao encontrar um belo romano, suspirava e dizia: "Ave, César"! 


(*) Imagem: Marcello Mastroianni e Anita Ekberg em "La Dolce Vita" de Federico Fellini

Homem a Beira de um Ataque de Nervos





— Tive pesadelos outra vez. O que isto significa Dra. Sigmunda Fuad?
— Não tenho a menor ideia. Elabore, meu caro, elabore... 
— Sonhei que estava num lugar chamado "Tripa de Elite". Não é ato falho. Eu disse "tripa" mesmo.
—  Sua paixão pela gastronomia e cinema nacional é mesmo assombrosa. Consegue descrever o lugar? 
— É um restaurante gótico onde os garçons pintam as unhas com esmalte preto e oferecem um cardápio macabro. Todas as carnes servidas estão banhadas em sangue.
— Hum... Elementar meu caro Washington. Seu sonho está relacionado ao medo da morte.
— Medo? Como se eu fosse normal. Meu pesadelo parece um filme de terror. 
— Acalme-se. Até agora está mais pra filme B. O que acontece depois?
— Mando chamar o cozinheiro que diz ser vegetariano. Por isso batizou de "morte vermelha" a carne que sangra no prato.
— Além de vegetariano, este chef tem humor negro. Coerente para um "restaurante gótico".
— Não consigo mais comer carne, Dra. Sigmunda. Traumatizei. Veja. Estou tremendo. O que eu faço?
— Análise, meu caro. Muita análise. 

(*) Imagem: Google

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A História de Tuwillysson



      "Vai chamar Tuwillysson", decretara a mãe, depois do tal sonho sem pé nem cabeça que tivera na véspera do parto. Quarenta anos mais tarde, lá estava ele, sem muitas histórias para contar. Ao voltar a pé do trabalho naquele fim de tarde abafado, alguns metros antes da casa onde morava, uma mulher o chamou: 
        — Tuwillysson!
      Ouvir seu nome pronunciado sem qualquer hesitação era algo improvável. Além da família, e da namoradinha que o abandonara no segundo ano do colégio, ninguém mais acertava o dito cujo. E, agora, aquela voz feminina acabara de dizê-lo com uma naturalidade desconcertante. Teria ela voltado? Como o encontrara? Bastaria virar-se para descobrir. Ao invés disso, seguiu pela calçada fingindo não ser quem era. Os passos, bem atrás de si, traziam uma inesperada sensação de estar acompanhado. Logo ele, que não sabia mais o que era proximidade. Durante anos, colocara toda culpa de uma existência vazia na esquisitice do seu nome. Se ao menos não houvesse tanta beleza naquela voz de mulher ao dizer "Tuwillysson" teria sido mais fácil esconder-se da verdade: nada soava mais estranho do que seu ressentimento. Abriu o portão sem olhar para trás.
(*) IMAGEM: Google

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Um Conto Minimalista




Sua vida era um labirinto. Uma história que  apesar das reviravoltas  retornava sempre ao ponto inicial: ela sozinha. Se ao menos fosse narcisista...

(*) Imagem: Google

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Bolo Espera Marido





Ao folhear os antigos cadernos de sua avó, encontrou a receita do bolo "Espera Marido".  Uma nota de rodapé, na página amarelada, trazia a marca do senso de humor da melhor confeiteira da família.  A observação a lápis recomendava: "se ele demorar muito a chegar, sirva embolorado".




(*) IMAGEM: Google

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A Mulher Honesta




  ― O que esperava de seu marido? 
 ― Ora, algo verdadeiro. Real, sabe? Mas não... Ele me cobre de mimos. Tudo que desejo, e até o que nunca imaginei que desejaria, está ao meu alcance como num passe de mágica. Eu sei bem o que ele quer: me enganar com essa tal felicidade. Nunca acreditei em pessoas felizes. Prefiro aquelas que quebram a cara. Pelo menos, parecem de verdade. Minhas melhores amigas, por exemplo, tiveram muitas experiências amorosas. Estão no terceiro casamento.  Uma já está no quinto. E eu? Casada com o primeiro namorado. Imagine minha situação quando me perguntam quantos ex-maridos eu tenho. Quer mesmo saber toda verdade? Se eu fosse uma mulher desonesta, teria pelo menos um amante. Um? Não.  Nem em hipótese eu ouso. Que tristeza!  Digamos três ou quatro ao longo deste casamento. Mas eu sou honesta. Entendeu? Eu sou honesta. Por isso procurei você... 
    Laura parou de falar. Precisava de fôlego. Do outro lado da mesa, o advogado fazia anotações em folhas timbradas, e num tom de voz brando que soava cúmplice, disse:
     ― Continue.
     Ela endireitou-se na poltrona, antes de concluir:
   ― Você precisa me ajudar a ter, pelo menos, um ex-marido.

(*) Imagem: Google

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O Impaciente Inglês



Um trovão rompe o silêncio e desperta lembranças:
― Sonhei outra vez com sombras. O que isso quer dizer, doutora Sigmunda?
― Elabore o sonho, meu caro. Não sou vidente, apenas psicanalista.
― Desde menino tenho esse pesadelo. Estou num quarto escuro, um temporal desgraçado lá fora e a porta bate. Quando um relâmpago ilumina o céu, vejo sombras na janela. E grito. Grito muito.
― Lembra o que diz nestes gritos?
― "Ah"! E depois, "Oh"!
― O que sente ao ver as sombras?
― Pânico. Acho que é trauma de...  Ouviu isso? Escutei passos na sala de espera, mas sou o último paciente de hoje. Estamos só os dois aqui.
― Acalme-se. Voltemos às sombras. Lembra de algo ao pensar nelas?
― Oh my Freud! Digo, doutora Sigmunda Fuad. Ouvi outro barulho. Estou alucinando? Enlouqueci de vez? Qual o sentido?
― Elementar, meu caro Washington. Você está num ponto crítico da análise. As defesas frágeis. Por isso, projeta sombras no mundo exterior. Fantasias que não existem a não ser em seu imaginário...
O som de outro trovão assusta o paciente. As luzes do consultório se apagam. A porta é arrombada. Surge o vulto de um homem encapuzado, e sua voz vibra sombria:
― É um assalto.
Aos berros, Washington pula do divã, e pendura-se no pescoço do ladrão:
― Obrigado. Você me salvou. Não estou louco...


(*) Imagem: Google

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

As Mulheres de José Agildo




José Agildo casou-se duas vezes. Ao lado da primeira mulher viveu quinze anos debaixo de vários tetos porque Teodora Alice sofria de compulsão habitacional: não parava mais do que um ano na mesma residência. Um dia, cansado de tantos caprichos, rompeu o casamento. Dois anos mais tarde,  encontrou Valentina Jamile, aquela que seria apelidada por alguns de "esposa virtual" e por outros, "mulher fantasma". A segunda esposa, executiva de uma grande empresa, passava a maior parte do tempo viajando a trabalho. Naquela tarde, em conversa com o melhor amigo, admitiu que a ausência de Valentina Jamile já não o incomodava tanto. Diante da sugestão de partir para o terceiro casamento, José Agildo não titubeou:
— Enlouqueceu Antenor Francisco? Não nasci pra colecionador de sogras.

(*) Imagem: Google

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A Dor da Verdade



Ao reencontrá-lo numa festa, ao lado de outra, não era mais a separação que doía, mas a consciência de que ele nunca a amara.



(*) IMAGEM: Google

sábado, 18 de agosto de 2012

Os Idiotas




Ele avisou que chegaria em dez minutos. Ajeitei a maquiagem borrada nos olhos. Uma gota de perfume, e estava pronta para desempenhar o papel da amante insaciável. Apenas por precaução, retirei a chave do armário onde estava a valise cheia de dinheiro. A esposa dele era mesmo uma otária. Acreditou naquela história de gravidez (eu avisei ao Rick que era melhor não vacilar sem camisinha, mas nosso amor nunca teve regras). Para evitar o escândalo, a mulher pagou o que eu pedi. Candidata nas próximas eleições, engoliu bem quietinha a chantagem. Teria muito a perder, se abrisse a boca para falar do marido traidor, enquanto eu abria a minha para aquele idiota pela última vez. Nossas cenas  —  nas mãos do candidato concorrente   —   renderiam outra valise repleta de dólares. Acionei a microcâmera camuflada em cima do criado mudo. E fui atender a porta.


ESTE CONTO É RESULTADO DE UM EXERCÍCIO 
PROPOSTO EM OFICINA LITERÁRIA

(*) IMAGEM: Google

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Discreto Charme da Loucura




Nada abalava sua discrição. Nem mesmo os surtos. Há dois anos ele acreditava ser um rei deposto que vivia no exílio. E sem nenhuma glória.


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domingo, 5 de agosto de 2012

Noites de Julieta




Sua mais legítima felicidade não era segredo. Amava o cinema. Amava o marido. Não necessariamente nesta ordem. Muito menos em ordem.



(*) Microconto inspirado na imagem: 

Federico Fellini e sua esposa, a atriz, Giulietta Masina 

sábado, 4 de agosto de 2012

Filosofia de Quinta




― Mestre, qual a melhor maneira de sair de uma situação?
― Esquecer a entrada.

(*) Imagem: Google

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O Amor Sustentável




Era tão devota daquele homem que, ao tropeçar na sua presença, ao invés de perder o chão e cair, levitava.

(*) Imagem: Google

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Onde Foi Parar o Final Feliz?




― Cara, nas tuas histórias tudo sempre acaba mal. Por que não escreve uma diferente?

― Você tem razão. Vou mudar isso. Na próxima tudo vai começar mal.


(*) Imagem: Google

O Outro Lado Da Noite




Se pudesse escolher, provavelmente não veria a menor graça naquela mulher. Mas Letícia era intensa como uma festa: uma alegoria das suas melhores lembranças. Com ela recordava o menino que deixara escapar da alma. 

No momento em que o telefone tocou, às duas horas da madrugada, não conseguiu conter o sorriso. Do outro lado da linha, a voz dela:

— Quero conversar.

— Tenho alguma opção além desta?

Ela riu antes de admitir: 

— Você sabe a resposta.

— Só não digo até quando. 

— Eu sempre estou por um triz contigo. E sem rede de segurança. 

— Isto é um pedido?

— Nunca peço nada.

Era verdade. Letícia não pedia. Exigente e fora de controle como uma criança insuportável que acredita ser o umbigo do mundo. E nada poderia atraí-lo mais. Por isso a mantinha a uma distância segura: um milímetro da beira do abismo.

— Faça isso agora. Peça uma coisa cara.

— Diamantes. 

— Desconheço o termo.

— Deve ser porque sou a única coisa brilhante em sua vida.

— Minha luz.

— Acende o abajur. 

E os dois sorriram, ao mesmo tempo, como quem coloca entre parênteses tantas noites solitárias.


(*) Imagem: Google

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Eduarda e Mônaco



Eduarda ouvia Roberto Carlos o dia inteiro, enquanto Mônaco, angustiado por natureza, lia Sartre o tempo todo. O mundo de Eduarda era outro: sem espaço para crises existenciais. Sempre que Mônaco repetia "o inferno são os outros", ela declarava que o segredo do sucesso era mandar tudo para o inferno. Naquela tarde, antes de ingerir o décimo sal de frutas do dia, ao observar a coleção de pinguins de porcelana, em cima da geladeira vermelha, Mônaco reclamou baixinho:

― Só os cafonas são felizes...


(*) Imagem: Google

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Um Homem Sedutor




O mundo de Romero ­­ mais conhecido por Don Romerito ­­ poderia ser o paraíso da sedução. Diante da intensidade daquele olhar, as mulheres rendiam-se fascinadas. Tudo fluía num clima perfeito. Satisfação garantida desde que elas não esperassem nada além dos tórridos momentos de prazer. Por uma estranha coincidência (ou seria abençoada?), suas conquistas amorosas, após alguns encontros, conheciam outros homens, casavam e viviam felizes. As boas línguas diziam que Don Romerito ­­― o amante avesso a compromissos ­­ era devoto de um santo casamenteiro. 

(*) Imagem: Google

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O Amor é uma Loucura



Ele: — Eu te amo.
Ela: — Ninguém é perfeito.
Ele: — Me dê mais uma chance.
Ela: — Eu não te amo mais.
Ele: — Ninguém é perfeito.

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Você Tem Um Minuto?




. Ele acreditava ter vindo ao mundo para dirigir os outros. Certo dia, ganhou um volante.




De tanto recusar-se a tomar partido, criou o "complexo de Pôncio Pilatos". Vivia lavando as mãos.




. Era uma grande atriz fora dos palcos.




Tinha tanto medo da inveja que criou uma plantação de olho grego.



. Para não entrar em contato com seu vazio preenchia a existência como fiscal da vida alheia.


. Era tão reservado que fazia cerimônia consigo mesmo.


. Não conseguiam viver juntos nem separados. Condenaram-se um ao outro.



. Usava sempre as mesmas palavras. Todas as outras fugiam dele.



. Toda sexta-feira protestavam em silêncio contra os fofoqueiros de plantão. Tudo ia bem até o dia em que um deles resolveu abrir a boca.

(*) Imagem: Google

quarta-feira, 18 de julho de 2012

A Pergunta



― Tenho tanto medo da morte.

― E eu tenho medo da vida.

― Quem de nós morreu primeiro?



(*) Imagem: Google

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Nada Filosófico




— Ser ou não ser?
— Sei lá.

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De Pernas Para o Ar




Esta é a história de Amanda Júlia. Arquiteta bem sucedida, dona de um corpo escultural, bonita e charmosa, sem mencionar o fantástico senso de humor. E não termina por aí. Para completar sua lista particular de desejos realizados, vive um tórrido romance com um homem incrível. Cenário quase perfeito. Sim. Quase. Afinal não poderia agradar gregos e troianos. Neste caso, principalmente certas troianas. Algumas amigas reclamavam de que ela sempre fora ausente. E, depois do novo amor, não queria mais saber de nada, nem de ninguém. Um dia, cansada das críticas (ou seria inveja?), Amanda Júlia pediu ao namorado que a fotografasse com as pernas para o ar. E enviou, para as amigas, a imagem com a legenda espirituosa: "Só assim as varizes me dão sossego".
(*) Imagem: Google

quinta-feira, 12 de julho de 2012

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Quatro Minimalistas Perdidos em Algum Lugar da Gramática



Sujeitinho Oculto

Escondia-se atrás dos verbos.



Voz Passiva

Completamente dominada não tinha vez naquela família.



Bons Tempos

Suas doces memórias de infância brincavam no parquinho de um pretérito mais que perfeito.



Sujeito Composto em Maus Lençóis

Para aquele homem, depois de algum tempo na cama, a mulher e o criado mudo não faziam muita diferença.

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O Desejo







― Quantas vezes terei que repetir? Sua cota de três desejos esgotou.

― Eu sei. Só queria um pouco de companhia sem interesse.

(*) Imagem: Google



sexta-feira, 6 de julho de 2012

Rapidinhas




A Modesta

― Você se acha!
― Nem com GPS.


O Sincero

― Mestre, qual o sentido da vida?
― Depende do meu humor.



O Desiludido

― Eu te amo.
― Vai passar.




A História  Mais Engraçada do Mundo

Morreu de rir antes de contá-la.





Pequeno Conto Policial

O assassino era o tio.



(*) Imagem: Google



quinta-feira, 5 de julho de 2012

O Casamento de Romeu e Julieta




― Chega de me enrolar, Romeu. Quanto tempo mais terei que esperar pelo nosso casamento?
― Apenas duas décadas, Julieta.
― Vinte anos? Enlouqueceu?
― O que são vinte anos pra quem terá toda a eternidade juntos?


(*) Imagem: Google

Vida Inglória de um Espião Depressivo



O salão abarrotado lembrava uma feira livre. Ao invés de barracas de verduras, escritores gritavam os títulos de seus livros. Um autor equilibrava-se em pernas gigantescas de madeira, enquanto urrava ao microfone: "Pague um, e leve dez".

A todo momento, uma sirene anunciava os preços em queda livre. Algumas pessoas corriam. Para não perder a barganha literária, uma delas quase levou meu ombro. No meio daquele cenário caótico, tive a sensação de ouvir alguém sussurrar. Observei ao redor. Lá estava ele. Em torno dos oitenta anos, pálido e magricelo, o escritor apontava a capa de seu livro. E completamente rouco repetia:

— Leia, leia, leia: "Vida inglória de um espião depressivo". O melhor romance policial do século. 

Sorri ao tentar imaginar a história atrás daquele estranho título. E, então, o ruído estridente do meu despertador, por um instante, lembrava o som daquela estranha sirene.

(*) Imagem: Google

Oficina da Palavra




― Hei! Dá pra atender ou tá difícil?
— Diga lá, moça.
― Vim pegar minha palavra colo. Estava com um defeitinho. Lembra?
— Hum... Colo, colo. Tantas pessoas pediram colo esta semana. 
― Imagino. 
— Conhece nossa nova promoção? Quem blindar a palavra esperança, ganha um novo amortecedor pra palavra macia ou pode mudar as pastilhas da palavra ácida.
― Só vou encomendar outro serviço quando vocês resolverem o probleminha no encosto da minha palavra colo.
— Ih, moça! Seu pedido ainda não ficou pronto.
― Não acredito que vou ter de esperar mais.
— Ah, mas neste caso, a moça ganha polimento na palavra paciência.
― Paciência? Há anos não uso essa palavra.
— Vai ver que é por isso que precisa tanto da palavra colo.


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terça-feira, 3 de julho de 2012

Segredos de uma Menina


Aos cinco anos foi morar do outro lado do mundo. Um ursinho de pelúcia era seu único confidente.

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