terça-feira, 30 de outubro de 2012

Jardim da Loucura





No quarto ano de Psicologia Clínica, uma vez por semana, nos deslocávamos do prédio da faculdade para cumprir estágio num hospital psiquiátrico. Enquanto aguardávamos o professor no jardim da instituição, um dos internos aproximou-se de uma aluna e perguntou onde estavam as balas. Ela respondeu que não tinha bala alguma. Contrariado, o paciente deu um tapa no rosto da moça. Na semana seguinte, ao passar por ele, a estudante adiantou-se:

― Trouxe as balas.

― Balas? 

Mais uma vez, ela levou um tapa no rosto. 

Esse episódio me levou a pensar nas situações (fora dos muros de uma instituição) em que de nada adianta "ter ou não ter as tais balas". O resultado será o mesmo.

(*) Imagem: Google

26 comentários:

  1. Concordo com vc e fica a pergunta, até quando vamos ficar levando porradas?
    Ótimo texto.Bjs!

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  2. Dolce Vita, rs...rs! Você tem razão. Quase sempre o mais importante é o tapa na cara. Tem horas que o melhor é observar e ficar quieto, não é?
    Abraço grande
    Manoel

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  3. Onde será o verdadeiro hospício? Dentro ou fora?

    A realidade é apenas um ponto de vista...

    Bjs

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  4. Incrível!!Forte e intensamente lindo!beijos,chica

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  5. ela apenas delegou muito poder e atenção a outrém...se esqueceu de se focar! I think...

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  6. Sem o parágrafo final, seria um koan zen.

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  7. Preso por ter cão, preso por não ter. Difícil situação. Na rua após o tapa, ele estaria sujeito a outro tipo de bala. Abraços

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  8. Há casos, de facto, onde nada adianta "ter balas" ou não. Estamos certas vezes tão afastados da realidade dos outros!
    Interessante história.

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  9. engraçado... passei recentemente por uma situação onde eu sei que, fazendo a ou fazendo b, o resultado seria o mesmo X.

    seus contos enriquecem a minha vivência.

    um beijo.

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  10. De nada adianta discutir com um insensato, ou tentar agradá-lo.

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  11. Vita,adorei o seu conto e aqui fora tem mais loucos do que no hospício!...rss...e bem a vida como ela é!bjs e meu carinho,

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  12. Há muitas situações em que o resultado final será sempre o mesmo, ou seja, preso por ter cão e por não o ter...
    Gostei do teu blog e dos posts que li.
    Beijinhos.

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  13. De este relato has logrado un gran reflexion
    Bueno
    Un abrazo

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  14. as circunstâncias mudam. o momento é único. beijos

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  15. Quase nunca tenho as balas,
    mas quase sempre levo na cara.

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  16. Olá, parabéns pelo blog!
    A Audrey Hepburn era linda, nossa.
    Gostei da postagem!
    Se você puder visite este blog:
    http://morgannascimento.blogspot.com.br/
    Obrigado pela atenção

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  17. "Ao vencedor, as batatas"
    (Machado de Assis)

    ;)

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  18. Dedução interessante...e alguns precisam levar dois (ou mais) tapas para aprender (quando aprendem). Um abraço!

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  19. O tempo muda , as atitudes nem sempre, perguntas e atos se misturem em delicadeza e grosseria...

    Venho de blogs amigos por ai e por aqui fico se me permitir..

    Abraços e um ótimo feriado pra ti:)

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  20. Há situações que não temos como fugir..

    ...um beijo!

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  21. Com ou sem balas, a vida é a mesma dentro e fora das instituições. Essa observação não lhe foi ensinada na faculdade… Algumas coisas a gente só aprende com maturidade e uso contínuo da massa encefálica.

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  22. "Preso por ter cão e preso por não ter cão". Este um velho Ditado Popular que quer dizer que o sobriedade de atitudes depende do momento.
    Este mundo em que vivemos, é, por si mesmo, um Hospício.
    Bom, o teu Conto.


    Beijos


    SOL

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  23. Nada tem relação direta e reta com o que ontem nos serviu de base.
    Bela criação amiga.
    Abraços.

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